Nessa série, Logan permanece bastante pé no chão. Seu traje passa a ser uma jaqueta de couro marrom e, na maioria das vezes, suas lutas são bastante brutais, envolvendo principalmente pessoas que levam socos na cara. E tudo isso depende da visão de Sorrentino sobre o Wolverine. Ela se apóia fortemente no realismo, com pretos nítidos que acrescentam uma vibração noir.
Há algumas abordagens que sempre se destacam quando se analisa uma edição do trabalho de Sorrentino O Velho Logan, em particular sua abordagem ao retrato do personagem. Ele é quase como um “Tommy Lee Jones em No Country For Old Men“; fora de lugar, fora do tempo e com uma preocupação especial com o senhor.
Uma maneira divertida de Sorrentino destacar isso é quase nunca mostrar os olhos de Logan. Mostrar os olhos é sempre uma forma de conectar o público com os leitores, mas raramente conseguimos isso com essa versão, de modo que ele continua sendo uma figura distante e isolada.
O outro toque é que Sorrentino rotineiramente coloca a câmera na altura dos olhos, quase como se estivéssemos apenas caminhando nessa jornada estranha e maravilhosa com Logan. Isso significa que muitos desses golpes são mais fortes, e sua versão de Logan é mais humana, mais vulnerável. Esse é um equilíbrio bastante difícil de alcançar para um personagem como Wolverine, já que todo o seu truque é que ele é praticamente invencível, mas Sorrentino consegue.
A outra observação digna de nota sobre seu trabalho em Old Man Logan é que essa equipe de arte esteve presente em quase todas as edições durante 18 edições. Isso significa que há uma consistência real em toda a série. Pequenas tiragens de artistas são comuns em livros modernos, e é raro, mesmo para tantas edições, ter um artista mantendo os visuais juntos.
No entanto, no final das contas, trata-se de uma arte impressionante e estelar, com a qual o leitor não consegue deixar de se empolgar a cada edição. Há uma sensação visceral; ela atinge o senhor com força e rapidez; mas há uma verdade e uma realidade que existem além da abordagem da história. Ela está especificamente na arte, nos painéis, nas linhas e nas sombras. Com o fim da série de Sorrentino e sua equipe, vale a pena parar para apreciar o excelente trabalho que fizeram.
Em Coisa boa celebramos algo que amamos nos quadrinhos ou na cultura pop, porque todos os dias precisam de algo bom.